"Quando você me deixou, meu bem, me disse pra ser feliz e passar bem. Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci, mas depois, como era de costume, obedeci. Quando você me quiser rever, já vai me encontrar refeita, pode crer! Olhos nos olhos, quero ver o que você faz ao sentir que sem você eu passo bem demais e que venho até remoçando, me pego cantando, sem mais nem porquê. E tantas águas rolaram, quantos homens me amaram bem mais e melhor que você. Quando talvez precisar de mim, 'cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim! Olhos nos olhos, quero ver o que você diz, quero ver como suporta me ver tão feliz."
Olhos nos olhos, Chico Buarque.
Venho para lembrá-lo das vezes que chorou e fiz das suas lágrimas minhas; de quando sangrei e fui deixada morrer na tentativa de convencê-lo que ainda não era o fim.
Nós fomos feitos para o adeus, eu sei. Mas você fez viver o que já tinha declarado como morto e enterrado em mim.
A mais perfeita vingança não trará as noites vazias esperando por uma ligação. Não concederá o tempo desperdiçado, arquitetando formas de dizer que eu sinto muito e que tudo ficará bem.
Nós vivemos a Terceira Guerra Mundial e apesar de toda a destruição, seu coração continua intacto e perigoso como uma bomba nuclear. Quando explodir, procurará por um lugar seguro ou alguém para se importar.
Não estarei mais lá.
Eu poderia quebrá-lo em pedaços, pela facilidade que teve ao voltar para ela, enquanto permaneci intocável no luto, mas o anel que você deu será como uma sentença de morte. E se não fosse por você, eu não saberia até onde posso chegar, o quanto sou forte e que posso ultrapassar meus próprios limites.
Devo dizer que encontrei um novo amor. Um amor que não dói, não deixa marcas.
Amor próprio.
As coisas estão mais claras agora e hoje eu sei, a pior vingança é estar bem.
(Texto escrito por Ingrid Sodré)